O mapa natal, um caminho para o processo de individuação.


O mapa natal, um caminho para o autoconhecimento
e para o processo de individuação.

Apesar das várias críticas que a Astrologia recebe, é necessário reconhecer que o mapa natal é, indubitavelmente, um instrumento que descreve com precisão e profundidade a estrutura e a dinâmica das forças que juntas formam o sistema conhecido como psique humana. Este é o ponto de partida básico deste texto e da palestra correspondente.
O mapa natal revela como está estruturada a psique de um indivíduo ao descrever a qualidade com que determinados impulsos psíquicos constitutivos do indivíduo tendem a se manifestar. Esta qualidade de tendência à manifestação está descrita, em parte, na disposição dos planetas em um mapa natal. Os planetas simbolizam estes impulsos presentes em todo ser humano e de acordo com a posição de determinado planeta em um mapa natal é possível perceber como que  determinado impulso psíquico está qualificado no indivíduo.
Deste modo, o mapa natal pode ser entendido como um espelho que revela, diretamente ao consciente, não somente qualidades positivas e potenciais a serem desenvolvidos, mas também desarmonias e conflitos na interação destes diversos impulsos e símbolos pessoais de representação e interação com o mundo. O mapa natal e capaz de revelar o modo como estes impulsos estão organizados e a qualidade com que se manifestam.
Através do simbolismo da Astrologia, neste espelhamento, é possível interpretar o próprio mito pessoal. Assim como nas histórias mitológicas que existem conflitos e desafios, movimentos através dos quais se cumpre uma história na qual o enfrentamento destes conflitos e desafios revela o desenvolvimento de potenciais e qualidades que significam a superação e a transformação do indivíduo naquilo que potencialmente ele já era.
Esta transformação do indivíduo nele mesmo, quando ele consegue ter consciência das diversas forças que o constituem em um indivíduo único, com uma história particular e ainda assim ter uma noção de pertencimento de alma a uma entidade ainda maior que é a humanidade recebe, em Jung, o nome de processo de individuação. Consciente no que tange a ser tanto um ser humano único como, ao mesmo tempo, não mais que um homem ou uma mulher comum.
Para Jung, o grande sentido da vida é a individuação: processo de profundo autoconhecimento onde tomamos a coragem de nos confrontar com velhos medos e o que desconhecemos de nós próprios.
As diversas estruturas da psique humana descritas por Jung, tais como Ego, persona, sombra, ânima e ânimus, possuem um correlato representado no simbólico da Astrologia. Quando dispostos em uma condição de mapa natal, representando um indivíduo, estas estruturas e os impulsos por elas representados são descritas com uma qualidade correspondente ao signo no qual estejam posicionados e outros posicionamentos astrológicos. Este contato com a descrição reconhecível do próprio mito pessoal revelado no mapa natal é a melhor maneira de definir o autoconhecimento proporcionado pela leitura aprofundada do próprio mapa natal.
Ainda que o autoconhecimento proporcionado pelo estudo do próprio mapa natal seja muito revelador, não é equivalente ao processo de individuação. O mapa natal revela, descreve, traduz ao nível do consciente como que o inconsciente individual está organizado, proporcionando um contato mais direto com complexos pessoais, ressignificando-os e orientando o indivíduo na direção a ser tomada para a superação dos conflitos internos decorrentes destes complexos. O processo de individuação se dá através da experiência, através da interação do ser humano com o mundo e de sua manifestação no mundo, ou ainda, através da interação com o mundo é que se dá a manifestação do ser humano no mundo e, o resultado deste processo é o que podemos chamar de existência humana no mundo. 
Esta interação com o mundo é diferente para cada ser humano uma vez que é modulada pela percepção que cada ser humano tem do mundo, com diferentes valorações para com as coisas e situações no mundo. Estes valores e símbolos de mediação com o mundo é o que, em síntese, pode ser descrito pelo mapa natal. Deste modo, as informações fornecidas pelo mapa natal são somente “o mapa” de um caminho a ser trilhado entre a primeira e a última respiração, o processo de individuação é trilhar,propriamente dito, o caminho com seus obstáculos e barreiras a serem contornadas ou removidas. O mapa natal é onde está escrito, em linhas gerais, o mito pessoal e as características básicas de cada personagem constituinte deste mito, o processo de individuação vivenciarmos o que está escrito no roteiro, vivermos a intensidade das emoções de representarmos honesta e integralmente a nossa história para que, somente assim, ela passe de fato a existir e nós também.

Para mais detalhes, ver o artigo  Astrologia e Psicologia Junguiana










2 comentários:

  1. Vale muito a pena conferir. O Daniel sabe muito sobre o que está falando.

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  2. Interessante sua fala Daniel. Também associo a Astrologia com a Psicologia Junguiana em meu trabalho.

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